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Mais Abraços // Segunda-feira 11 Setembro, 2023 // #bebê, #gestação
A gravidez é um momento emocionante na vida de uma mulher e, no correr desses nove meses, seu corpo passa por uma série de mudanças para permitir o desenvolvimento do feto. Em meio a essas transformações, podem acontecer coisas bem estranhas, entre elas, os soluços do bebê. É normal o bebê soluçar na barriga — mas a situação pode ser assustadora para as futuras mamães.
"Algumas gestantes se assustam, pois o movimento ritmado dos soluços pode parecer um batimento do coração, só que em menor frequência que o esperado e que elas ouvem nas consultas, que é em torno de 140 bpm", explica o ginecologista e obstetra Sérgio Hecker, membro da Comissão Nacional Especializada em Assistência Pré-Natal da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).
Já adiantamos que o sinal não é nada preocupante — mas entenda melhor o que são e por que acontecem os soluços fetais durante a gestação a seguir.
"O soluço de feto são movimentos ritmados com frequência entre 40 e 60 movimentos por minuto", diz o médico. Esses movimentos rítmicos e repetitivos podem ser sentidos na barriga da mãe durante a gravidez – e o fato de serem um movimento ritmado diferenciam os soluços dos tradicionais chutes e outros movimentos do bebê, que começam antes.
Eles são causados por contrações do diafragma do feto e são considerados uma parte normal do desenvolvimento fetal. O diafragma – um músculo importante para o movimento respiratório – ainda está em processo de amadurecimento durante a gravidez, e os soluços podem inclusive contribuir para que ele esteja preparado para o momento em que o bebê começa a respirar com os próprios pulmões, depois do parto.
"O feto desde muito cedo apresenta movimentos", explica o médico. Segundo Hecker, a gestante que está na primeira gravidez sente o feto se mexer em torno da 20ª semana, no final do quinto mês de gestação, enquanto as que já tiveram outros filhos sentem os movimentos mais cedo, em torno da 16ª semana, no final do quarto mês.
"Mas o desenvolvimento neurológico fetal faz com que o feto apresente os soluços mais adiante na gestação, geralmente em torno da 26ª semana", explica o obstetra. Os soluços ocorrem com frequência no terceiro trimestre da gravidez, entre 26 a 40 semanas de gestação, mas são mais prevalentes depois da 32ª semana, ao fim do oitavo mês.
Os soluços de feto são geralmente sentidos como pequenos solavancos rítmicos na barriga da mãe. Eles podem durar alguns minutos e ocorrer várias vezes ao dia. Algumas mulheres relatam sentir como se seu bebê estivesse tremendo dentro delas.
"A sensação é de sobressalto fetal que pode movimentar todo útero e em algumas vezes um segmento deste", explica o obstetra.
Os soluços de feto são considerados um fenômeno normal durante a gravidez e não há motivo para preocupação. Eles não representam nenhum risco para a saúde da mãe ou do feto e não são um sinal de que algo está errado. "É geralmente um sinal positivo de que o feto se encontra em bom estado de saúde. É normal ele apresentar soluços", afirma o especialista.
Pesquisas mostram que soluços fetais, assim como múltiplos episódios de movimentos vigorosos, são importantes sinais de saúde do bebê em todas as gestações após 28 semanas. O aumento da força dos movimentos e dos soluços fetais no fim da gravidez está associado à diminuição do risco de natimortalidade.
"Não há desconforto para o bebê e não há nada a ser feito", explica Sérgio Hecker. Segundo o obstetra, o único problema decorrente dos soluços fetais pode estar relacionado ao aspecto emocional da mãe, se ela não for orientada adequadamente. "Devemos reforçar que é um fenômeno normal", ele afirma.
Se os soluços de feto forem desconfortáveis ou preocupantes para a mãe, ela pode tentar mudar de posição ou mudar de atividade para ver se alguma dessas medidas alivia o desconforto. Mas a verdade é que a situação é completamente normal e não apresenta nenhum risco.
Algumas mulheres relatam que beber água ou comer um lanche pode ajudar a interromper os soluços de feto, embora essas soluções caseiras não tenham comprovação médica. "Os soluços começam e terminam sem que possamos intervir", afirma o médico.
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